Eu
sempre ouvi falar desse livro, mas não havia tido acesso a ele, eu só fui
encontrá-lo em um stand na Feira Pan-Amazônica do Livro e ele estava no meio de
livros de culinária, esoterismo e do Justin Bieber, não sei qual foi o critério
escolhido para a organização desses livros no stand, porém foi no meio daquela aparente
bagunça que encontrei o livro que eu queria ler há
tempos.
O
livro A sujeição das mulheres é de autoria de Stuart Mill e foi publicado em 1869,
o livro representa as ideias de seu autor em favor da igualdade de direitos
civis para as mulheres.
Na
época em que o livro foi escrito as mulheres não possuíam os mesmos direitos
que os homens pois eram consideradas inferiores a eles.
A
mulher não tinha direito nem de escolher com que iria casar pois o casamento
era um acordo firmado entre o pai da noiva e o noivo, ou seja ela passava da
tutela do pai para a tutela do marido que tinha plenos poderes sobre ela.
Em
um trecho do livro o autor menciona que as mulheres inglesas não tinham direitos
legais sobre seus próprios filhos nem mesmo após a morte do marido elas não
eram consideradas guardiãs legais dos filhos, exceto se ele por vontade própria
tivesse deixado tal tarefa a cargo dela.
Stuart
Mill analisa as leis da época que colocava a mulher sob o domínio legal
masculino e faz uma comparação que essa condição era análoga a da escravidão. Ele defende que haja uma reforma na legislação do casamento. Pois para ele o
matrimônio deve ser feito de uma forma que garanta direito iguais a ambas as
partes.
Na
época era difundida a crença de que as mulheres eram inaptas para exercer
quaisquer funções ou ocupações, e é mostrado no livro que uma das crenças era
de que as mentes das mulheres eram por natureza mais instáveis do que as dos
homens e menos capazes de persistir por um longo período no mesmo esforço
contínuo. Mill refuta esses preconceitos e afirma “ as noções formadas sobre a natureza feminina são tão ridículas, meras
generalizações empíricas”.
Em
uma outra parte do livro o autor refuta um conceito que era comum na época que muitos indagavam o porquê de nenhuma mulher ter feito uma grande descoberta nas
ciências e que isso era um atestado da incapacidade delas. Mill então explica
os motivos porque as mulheres não estudavam ciências: “independente de todas as obrigações regulares da vida que estão sob a
responsabilidade da mulher espera-se que ela tenha sempre tenha tempo e aptidão
à disposição de todos [....]Ela sempre deve estar à disposição de alguém, geralmente
de todos. Se ela tem uma preocupação ou uma função, ela deve separar um curto
intervalo que possa acidentalmente ocorrer para ser utilizado por eles. Seria,
então, de se admirar que ela não consiga atingir a mais alta excelência nas
coisas que requerem atenção contínua e concentração nos principais interesses
da vida? Assim é a filosofia e, acima de tudo, a arte” com isso Mill
explica que as mulheres não se dedicam as ciências ou as artes por falta de
tempo e não por incapacidade intelectual.
No
decorrer do livro Stuart Mill advoga a favor da igualdade de direitos para as
mulheres, defende o direito a voto para elas e ainda defende a igualdade para
as mulheres em todas as funções e ocupações. Embora no livro o autor não diga
ser feminista se pode ver claramente na obra ideais feministas que já eram
pauta de movimentos pelos direitos das mulheres e que continuariam sendo pauta
desses movimentos nos anos seguintes.
O
livro A Sujeição das Mulheres foi escrito no século 19 e a sua leitura ainda é
necessária para perceber como era a vida das mulheres do século 19 na
Inglaterra e quanto a questão da reivindicação de direitos pelas mulheres
evoluiu muito no decorrer dos anos. Esse livro é importante também para quem
está começando a se interessar pelo tema feminismo pois ilustra muito bem como
era a condição de vida delas e os preconceitos que elas sofriam só por serem
mulheres.
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