terça-feira, 13 de dezembro de 2016

Sammliz se reinventa musicalmente ao lançar seu cd Mamba

Eu conheci o trabalho da Sammliz em 2004 quando fui assistir a um show da Pitty que  era a atração principal de um festival chamado Hallow Rock, que teve bandas de abertura:  Álibe de Orfeu, Stigma, Suzana Flag e a Madame Saatan, a  banda que a Sammliz era a vocalista. Logo a Madame Saatan me chamou a atenção pelo som pesado que a diferenciava das demais bandas  do festival quanto pela voz e presença de palco da Sammliz, saí daquele show encantada com ela e desde então passei a acompanhar a  Madame.

Eu cresci ouvindo a Madame Saatan e fui a muitos shows da banda e acompanhei tantos outros pela TV, eu não me esqueço das memoráveis apresentações da Madame Saatan no festival Memorial do Rock onde o público vibrava e cantava em uníssono  cada música da banda que nessa época estava divulgando o Ep intitulado O Tal do Caos que continha músicas como Apocalipse, Prometeu, Caos, Vingança, Messalina Blues e Pão e Círculo que são grandes clássicos.
Em 2014 a banda anunciou o seu encerramento, o que para mim não foi uma novidade pois ela já havia perdido o seu baterista original, o Ivan Vanzar e o seu baixista também da formação original o Ícaro Suzuki e já estava fazendo shows com um baterista e um baixista substituto.

Em 2016 Sammliz surge em carreira solo e lança seu primeiro cd solo que é intitulado Mamba e mostra que conseguiu se reinventar mesmo após 11 anos como vocalista da Madame Saatan, esse trabalho é bem diferente do heavy metal de sua antiga banda, em Mamba Sammliz mistura o rock com batidas eletrônicas. As músicas que mais gosto são “Oyá” “Mamba” e “Fucking Lovers.
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Logo na capa do cd  temos a foto da Sammliz  cobrindo o rosto, o que nos remete a orixás pois alguns deles cobrem o rosto com adereços. O nome  do disco também tem um significado pois Mamba é o nome de uma classe de serpentes africanas que são as mais venenosas do mundo. Outra coisa que merece destaque é o fato de que a maioria das canções tem nomes femininos Mamba, Oya, Lupita, Aurora, Magnólia. Acredito que essas referências são importantes para entender o disco.

A primeira música do disco é Mamba, a letra fala sobre a sensualidade feminina e faz referência à serpente africana.

Oya é a faixa com mais elementos eletrônicos do disco, Oya é um  orixá feminino ( que também é conhecida como Iansã)  e está associada as águas, furacões, tempestades e raios e  na letra da música faz alusão a isso.

A faixa que mais gosto é Fucking Lovers que é a faixa mais pesada do disco, a letra fala sobre um relacionamento fracassado e na parte que Sammliz fala "nas fendas daquelas sete saias girando" é uma referência a entidade mística pomba-gira (que também é conhecida como pomba-gira sete saias). Essa música é tão boa que merece um videoclipe.

A  música Aurora faz referência a deusa de mesmo nome, Aurora é a deusa do amanhecer segundo a mitologia romana, ela  segundo essa mitologia  renovava-se todas as manhãs e voava pelos céus anunciando a chegada do amanhecer.

Na faixa Magnólia Sammliz fala de uma mulher perseverante  que conseguiu superar momentos difíceis como podemos ver no refrão: "Magnólia é você, o quanto amou e morreu com magnólias em você" o refrão fica mais claro quando analisamos a flor Magnólia que é tida como um símbolo da perseverança e beleza. Na China a flor é associada à nobreza.


Acredito que Sammliz quis nesse cd mostrar a sua perspectiva feminina nas letras e colocar o protagonismo feminino no disco inteiro além de fazer sutis alusões a entidades místicas afro-brasileiras. Os  antigos fãs da Madame Saatan quanto as pessoas que estão descobrindo agora o trabalho da Sammliz irão gostar do disco.

Um comentário:

  1. Fantástica análise, parabéns Suzany pela sua inteligência nesta linda análise, realmente de tirar o chapéu ora sua leitura. Obrigada

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